Diário de Espião





Sinopse: Annie Walker chega na CIA e é hora dela conquistar seu espaço lá dentro. Mas será que ela irá conseguir conquistar a confiança e provar que merece estar ali até mesmo para sua chefe, Joan Campbell? Um diário, dois pontos de vista. 

Suspense | Ação | + 14 anos
*Os diálogos foram retirados do episódio 4x02 "Dig For Fire" de Covert Affairs.

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Diário de Espião





1. Primeiras Impressões





Joan’s POV:


Annie Walker. Este era o nome da agente que chegaria. Não havia muito que sabíamos sobre ela além da capacidade linguística, um relacionamento com o agente Mercer e que ela havia se quer completado todo o treinamento da Fazenda. Tenha certeza que por mim, eu não arriscaria a colocar uma agente sem treinamento concluído no Departamento de Proteção Doméstica, que por sinal eu chefiava, porém Arthur, meu marido e chefe do Departamento de Serviços Clandestinos da CIA, parecia estar certo do que queria.


(Joan) Arthur, eu não acho que seja uma boa ideia...- Me levantei da poltrona, observando pelo vidro da sala os demais funcionários em seus postos. - ...a Fazenda ainda não...


(Arthur) Ela é boa, Joan! - Ele exclamou, ainda sentado, certo do que dizia. Me virei, encarando-o e cruzei os braços.


(Joan) Mas por..por que aqui? Neste? - Levantei uma de minhas sobrancelhas, preocupada com a ideia de ter a novata sob responsabilidade.


Arthur se levantou e veio andando em minha direção. Seus olhos azuis se atentaram aos meus.


(Arthur) Por que eu quero que ela aprenda aqui, quero que ela aprenda com você!


Suspirei, e vi ele desviar os olhos para o corredor. Os olhos de Arthur voltaram a me encarar. Não trocamos mais nenhuma palavra, mas eu entendi o que ele queria. Arthur fez uma menção positiva com a cabeça e deixou a sala. Eu sabia que ele teria um comunicado geral a fazer, enquanto que eu, bom, eu precisaria receber a tal agente Walker.


Alguns instantes depois a secretária bate levemente na porta. Assim que eu afirmo que ela poderia entrar, a moça abre a porta.


(Secretária) Joan, ...Annie Walker...- Ela diz depois de deixar os papéis em minha mesa. Me levanto, ao perceber uma jovem loira vestida em um terninho atrás da secretária. Assim que ela nos deixa, encaro a nova agente nos olhos, apontando a cadeira na sala.


(Joan) Senta!- Annie imediatamente se acomoda na cadeira, e eu passo por ela, indicando a porta. - Vamos que estamos atrasadas!


Seguimos para fora da sala, afim  de que eu apresentasse o DPD para ela. Observava o olhar curioso dela pelas várias mesas ao longo do departamento, mas também podia perceber que ela parecia nervosa, como se tivesse muitas preocupações em mente. Enquanto caminhávamos Annie me fez diversas perguntas, querendo saber a respeito de missões, idiomas que ela deveria utilizar e várias outras coisas que confesso, eu não estava muito interessada, ela aprenderia na prática muito em breve, não precisaria das minhas respostas, é assim que se construía um bom agente. Paramos na porta da sala de Auggie para saber os detalhes da missão.


A primeira vista eu podia dizer que não coloquei fé naquela garota. Não só pelo jeito de menina, levemente atrapalhada, mas também por seu histórico, seu passado com Ben, isso era o que mais me preocupava. A vida de agente não era fácil, era necessário separar muito bem as coisas, e até mesmo os melhores agentes que eu conheci, muitas vezes já haviam se deixado levar. A CIA não era brincadeira, era coisa séria.





Annie’s POV:


(Instrutor) Vocês estão muito acima, quero só ver quem vai descer primeiro.. Hum, eu sabia, Annie Walker.


De mão levantada, chamando atenção, mostrando que eu queria ser a primeira a pular do avião, adorava a sensação de liberdade, descer em queda livre. Ao chegar em baixo, dois homens estavam num carrinho me chamaram alegando que estavam me esperando na sala do diretor. Esse meu jeito falante fez mil e uma perguntas para ele, que só estava focando no pedido. Langley queria usar minha habilidade linguística em uma missão. Ainda faltava 6 meses para encerrar meu treinamento na fazenda, e, toda poderosa, dirigi para Langley.


Chegando na CIA, me identifiquei na entrada dos carros, e ao estacionar olhando no retrovisor, colocando meu óculos escuro, me animei.


(Annie) Annie Walker.. CIA ..


Na porta conheci o Conrad, que pelo que entendi era um bom vivant, ele foi educado, me mostrando como entrar, ao falar na portaria com os policias. Depois de ajeitar todos os documentos, e burocracia, entrei no prédio da CIA, sendo guiada por um cego, August, “Auggie”.


Quando ele apontou onde eu encontraria Joan, a chefe do Departamento (DPD) me aproximei. A recepcionista que mostrou, nos apresentando, se é que posso dizer que foi uma apresentação, ela estava a mil por hora, pensando em cada detalhe da missão que eu seria designada. As primeiras impressões ao respeito dela, era que uma guerreira, trabalhando num ambiente onde a maioria são homens, e sendo chefe deles, perfeito.


Auggie me ajudou com o aparelho que usaria na missão, Joan me contou um pouco quem era a pessoa que eu veria, o idioma escolhido era Russo, um dos meus favoritos.


A primeira impressão da minha chefe era de alguém muito elegante, com bom gosto para vestimenta, e acima de tudo um olhar intimidador.


Como diz Auggie, “trabalhar na CIA só dá para aguentar se depois ir para o Allen’s”. Então, após a missão, que no começo foi um desastre, porém, depois dei meu jeito com ajuda do novo amigo, fomos para o bar, Conrad, Auggie e eu, brindar meu primeiro dia, na CIA.


(Annie) Qual é o segredo?


(Auggie) Bem. Não sei se é só um segredo, mas acho que ajuda a manter um bom senso de humor. E uma garrafa de tequila na minha gaveta. Se Joan fosse te demitir, já teria feito isso. A agência gosta de pessoas que tomam iniciativa.




Capítulo 2  Diversas Missões:


Annie’s POV:




"Não salvaremos o mundo agora, mas podemos salvar uma parte".



Na medida que o tempo ia passando, e meu trabalho na CIA aumentando, pude perceber que as coisas não eram tão horríveis como achei, ao me assustar no meu primeiro dia. Acho que no fundo, Joan, queria me intimidar, e conseguiu completamente. Percebia a forma que ela falava, principalmente com os agentes do sexo masculino, e todos abaixando a cabeça para ela, incrível. Pouco a pouco, meu medo, se transformou em admiração.


Sabia que não era fácil ter uma vida dupla, esconder as missões da minha família,  e único apoio eram os próprios agentes, que viviam da mesma forma que eu. Auggie, meu grande amigo, agente de monitoramento, era quem segurava a barra, enquanto, Jai, tentava me mostrar que eu tinha potencial.


Muitas vezes olhei Joan e pensei em chama-la para o Allen’s, ou até mesmo um churrasquinho na minha casa, mas como fazer isso, se ela apresentava aquele jeito autoritário, ao mesmo tempo que seus olhos, ao meu modo de analisar parecia se admirar com meu crescimento. Aos poucos, diariamente, minhas missões começavam a ser mais complexas, muitas sem registro, que são missões altamente sigilosas.



Joan’s POV:


"Confie nos seus instintos Annie.. eles trouxeram você até aqui."





(Joan) Annie...- Ela apressou os passos atrás de mim. Só voltei a falar quando estávamos dentro da minha sala. A encarei nos olhos, da mesma forma que ela me encarava. Parecia curiosa, na expectativa do que eu teria a falar. -...já ouviu falar sobre missões sem registro? - Antes que ela pudesse responder, continuei. - Hoje você irá em uma!


Conforme os meses de Annie Walker na agência foram se passando, ela foi me mostrando que talvez eu  tivesse me enganado, que tivesse subestimado seu desempenho nas missões. Eu acredito que nunca cheguei a falar para ela, mas eu passei a acompanhá-la de perto em cada missão, observá-la e me surpreendi. Não sou facilmente impressionável, mas eu garanto, em questões de meses ela foi ganhando minha admiração pela maneira ímpar com que conseguia se sair nas missões, com que conseguia ser bem sucedida em 90% dos casos. Eu não admitiria isso nem em pensamento para mim mesma, mas ela havia conseguido me surpreender.


Obviamente que eu não poderia demonstrar isso, veja bem, minha intenção como sua chefe era sempre vê-la crescer, era ver ela buscar o melhor, e por isso muitas vezes talvez tenha lhe guardado alguns elogios. Annie Walker não só chamou minha atenção, mas também de outros chefes na CIA, por vezes, em reuniões, fui indagada sobre ela e algumas outras ainda me requiriram que ela fosse em missões ainda mais perigosas, missões sem registro. Em pouco tempo, questão de um ano e pouco, lá estava ela lidando com bandidos de alto nível, agentes de agências exteriores e terroristas conhecidos.


Tentei poupá-la ao máximo de ir cedo demais para alguma missão fora do DPD, mas foi inevitável quando Arthur exigiu que ela fosse.


(Arthur) Pare de tentar protegê-la...- Ele disse impaciente.


Revirei os olhos.


(Joan) Não estou protegendo ninguém. Mas prezo pela segurança dos meus agentes. Ela não tem tanta experiência, Arthur...


(Arthur) Mas eu estou a estou requisitando como seu chefe, Joan, não seu marido. Não existe escolha.


Foram nossas últimas palavras naquela de muitas discussões envolvendo Annie. Arthur possivelmente estivesse certo, porque mais uma vez Annie conseguiu se sair bem na missão. Aos poucos fui dando espaço para ela, embora muitas vezes perdesse a paciência com suas intuições, Annie aos poucos foi me  mostrando que esta era sua maior arma nas missões, e eu passei a confiar mais não só nela, como também nas tais intuições até que fui permitindo que ela fosse tendo liberdade para conduzir suas próprias missões.






 3. Promoção Inesperada





Joan’s POV:


"Annie, você passou por tanta coisa e contribuiu bastante. E quero que sempre lembre disso. Você foi transferida. Alguém do DS entrará em contato com você. Sei que parece repentino, mas mudança aqui é progresso. Quero agradecer pelo seu serviço."


A notícia da morte de Jai Wilcox veio como uma bomba para toda a CIA de um modo completamente inesperado. Eu, como muitos agentes ali dentro, conhecíamos o protocolo, sabíamos que muitas coisas estavam prestes a mudar. Ali dentro cada um era mais um suspeito. Confesso que Jai e eu tivemos alguns problemas, não costumávamos nos dar muito bem, mas aquilo foi realmente inesperado.


Arthur havia me avisado sobre as suspeitas que haviam na  CIA, que pudesse ser realmente ser alguém de dentro da agência e este foi o motivo que tivemos que passar inúmeras vezes pelo polígrafo. Mas de todas as coisas que eu poderia esperar, todas as mudanças a mais impactante veio por meio de um memorando.


A transferência de Annie Walker do Departamento de Proteção Doméstica, que por sinal havia presenciado a morte de Jai,  me pegou desprevenida,  e, sem escolha, fui obrigada a chamá-la em minha sala. Se as coisas já haviam mudado para os agentes de forma em geral com a morte de Jai, mudariam ainda mais para Annie indo para um novo departamento, ainda mais levando em consideração que este departamento em questão era liderado por Lena Smith. Eu conhecera Lena ainda nos meus primeiros anos como agente de campo, conhecia o suficiente para ter grandes motivos que me faziam ser contra aquela transferência, ao menos para aquele departamento. Porém não havia escolha, não da minha parte, ao menos.


(Joan) Annie... - A chamei em minha sala.



Annie’s POV:


Na CIA, por mais que tivessem protocolos, comigo as coisas costumavam serem diferentes. Antes mesmo de eu terminar meu treinamento na fazenda, faltando 6 meses para encerrar, Langley, me chamou para minha primeira missão .. aos poucos, as missões foram ficando perigosas, cheguei a pedir ajuda a Auggie, com lutas, para aprender me defender melhor, porque parecia que nas lutas corporais, eu sempre acaba me saindo ruim.


Quando Jai foi morto, inclusive eu fui a última pessoa a vê-lo, ainda sentindo zumbidos no meu ouvido foi obrigada a ser transferida de Departamento. Obviamente que consenti aquela transferencia, mas em meu coração eu estava destruída. Não sabia exatamente nada no meu novo chefe, apenas me mandaram passar por polígrafo novamente, para testar se eu tinha ou não matado Jai (estavam atrás de um bode expiatório).


No meu primeiro dia, no novo Departamento, treinei luta com Auggie, inclusive, perguntando se ele conhecia Lena Smith.


Annie’s POV:


(Auggie)Tome cuidado com as missão de Lena Smith, são perigosas.


(Annie) Eu disse antes que estava nervosa? Agora estou ainda mais.


E não tinha nada que eu pudesse fazer para evitar minha transferência. Encontrei Joan no elevador, que me deu boa sorte, dizendo que era para eu escutar meus instintos, quando surgiu meu andar, entrei usando crachá, e, aquele Departamento parecia bem maior que DPD, pessoas me olhando, e por sorte localizei logo Lena Smith. Ela estava me esperando para nossa conversa, e desde cedo, entendi que suas missões eram diferentes das com Joan. No caso, o espião era autônomo, ele também pensava sobre as missões, e depois executava.


(Joan) Bom dia Annie.


(Annie) Bom dia.


(Joan) Andar Átrio.


(Annie) Escritório 1124 A


(Joan) Vai trabalhar para Lena Smith.


(Annie) Você a conhece?


(Joan) Conheço.


Confesso que para mim foi importante trabalhar assim.. para aprender a me virar sozinha. Mas, eu senti muita saudade do DPD, de Joan.. Auggie ..


(Annie) Onde é minha mesa?

(Lena) Primeira lição: Agentes não tem mesas. Agentes devem estar em missões. Vir até aqui o mínimo possível. É o que eu faço. Venha..


E assim, começou minha primeira missão, Simon Fischer.






 4. Segredos





Annie’s POV:


"Garotas duronas aguentam o tranco"


Trabalhar com Lena foi por um lado maravilhoso, porque, pude conhecer de perto como é criar uma missão taticamente, ver numa visão mais ampliada. O problema, foi descobrir quem ela era exatamente. Lena Smith, trabalhava para CIA e também para FSB (antiga KGB), era uma assassina manipuladora. Cada vez que eu pensava em como Lena trabalhava, lembrava de Joan, aquele jeito metido dela, e tão perfeito.


Foi nessa fase, trabalhando para Lena Smith, que aprendi a ser agente de campo de verdade, melhor dizendo ser uma Espiã. Lutas corporal, sedução, descobertas, armas e manipulações, aprendi realmente a manter um disfarce acima de tudo.


Esses últimos meses foram realmente de muita aventura. Me apaixonei por um espião Russo, e fui correspondida. Ele sabia o que eu fazia e eu sabia o que ele fazia, sem que ambos soubessem disso. Numa tarde, quando Simon estava em DC me visitando, enquanto, eu e CIA tentávamos ajudá-lo em troca de contar quem era o traidor, Lena Smith invadiu minha casa, entrando pela cozinha, e atirando em mim e Simon. Juro, pensei que fosse morrer, doía o ferimento, me fez desmaiar. E as coisas ficaram bem estranhas.


Joan’s POV:


Eu sabia que aquela transferência seria um problema. Sabia que Lena Smith era um problema...só não tinha ideia do quanto.


Quando Annie ficou em coma no hospital vivi dos dias mais nebulosos. Saber que ela estava no departamento de Lena já me assustava o suficiente, tê-la agora entre a vida e a morte, a possibilidade de perdê-la, era um pesadelo muito maior. Por vezes consegui fazer visitas, quando Auggie deixava o quarto no hospital, eu permanecia ali, sentada ao lado de sua cama e me desculpando por não ter sido capaz de evitar tudo  o que aconteceu. Eu deveria ter evitado desde o princípio. Deveria. Foram noites transformadas em dia, pois as passava em alerta esperando qualquer notícia vinda do hospital.


Ainda assim, por vezes tinha que cumprir o trabalho na CIA, as missões não paravam, não podiam parar. Quando estava arrumando as coisas para conseguir deixar o prédio de Langley na hora do almoço e ir até o hospital, Auggie adentrou.


(Auggie) Foi Lena! - Ele disse imediatamente, revelando o que desejava me contar. O encarei, e Auggie voltou a falar, se aproximando. - Quando encontrei o corpo do Guerrero, eu havia sentido cheiro de lavanda...Mas quando você chegou lá, o cheiro havia sumido. - Mantive meus olhos nos de Auggie. - Acabei de sentir o mesmo cheiro no hospital. Não eram flores, era o perfume de Lena. - Ele disse sem sombra de dúvidas. - Tom Ford, fragância de lavanda. Não foi coincidência, ela estava na casa dele.


Respirei fundo, Auggie estava bastante nervoso, agitado com as recém hipóteses.


(Joan) Ninguém detesta Lena mais do que eu, mas acusá-la de homicídio baseado na fragância que ela usa, pode destruir sua carreira. - Tentei fazer com que Auggie escutasse o que ele dizia. Era um absurdo.


(Auggie) Ela esteve lá, Joan! Eu não estou maluco! - Ele insistiu.


Levei a mão a testa, tentando ligar, buscar algum sentido no que Auggie falava.


(Joan) Ok, vamos lá...me ajude a enteder isso...- Disse, andando para um dos lados. - por que Lena mataria a pessoa que forjou o passaporte de Annie? - Parei próxima a janela, e escutei os passos de Auggie em minha direção.


(Auggie) Talvez Annie não comprou o passaporte. Talvez Lena comprou. - Auggie disse, me fazendo pensar.


(Joan) Por que Lena faria isso? E por que manter isso tudo escondido? - Indaguei mais para mim mesma do que para ele. Me virei, encarando Auggie. - A menos que Lena fosse cúmplice de Annie.


Auggie parou por um instante, mas logo tornou a falar.


(Auggie) Talvez Lena seja a verdadeira agente dupla da FSB. E Annie foi só uma vítima. Por isso ela matou Guerrero. Se ele estivesse vivo, poderia provar que Lena sabia que Annie estava indo para Cuba e que ela ajudou Annie a chegar lá. E se alguém descobrisse isso, o disfarce dela já era. - Auggie não parou de falar até a última palavra toda sua teoria.


Suspirei, ainda olhando-o.


(Joan) É uma teoria plausível, mas são só hipóteses...- Embora eu quisesse ajudá-lo, quisesse mais do que tudo ajudar Annie, eu conhecia o funcionamento da CIA, e mais do que isso as leis americanas, não haviam indícios o suficiente para acusar Lena. - Você pode provar alguma coisa?


(Auggie) É por isso que eu estou aqui...Fui o mais longe que eu poderia ir sozinho. Agora, preciso ter acesso as evidências para esclarecer tudo. - Ele disse certo. - E se eu não tiver acesso, eu pedirei demissão. - O encarei com aquele último absurdo. Se ele soubesse que eu queria podê-la ajudar, tanto quanto ele.



(Joan) Devido as circunstâncias...- Dei um passo na direção de Auggie de forma intimidadora. Eu reconhecia os motivos dele, mas ele estava agindo sem pensar. - Vou fingir que você não exigiu que eu violasse uma dúzia de protocolos para lhe dar informações que são acima da sua alçada. Se fizer isso novamente... - Fiz uma pausa para ter a certeza de que ele estava me escutando. -...você não vai gostar das consequências. Auggie respirou fundo, e eu caminhei em direção a minha mesa. - Agora, se você me der licença....tenho que ligar para o suporte técnico. Estou tendo dificuldades para acessar os arquivos das evidências no servidor Manhattan. Vou ter que dizer a minha senha... - Auggie voltou a me encarar com esperanças. -...e sob hipótese nenhuma você pode escutá-la. Entendeu o que eu disse? - Indaguei uma última vez, pegando o telefone.


(Auggie) Eu acho que eu entendi.


(Joan) Que bom. - Essa seria a única forma de poder ajudá-la como eu desejava.


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No hall de entrada de Langley, percebi Auggie se aproximando em minha direção.


(Joan) Não Achei que lhe veria saindo tão cedo. - O rapaz passou a caminhar ao meu lado.


(Auggie) Eu acho que descobri algo. - Ele disse sem rodeios.


(Joan) Vou com você! - Disse antes mesmo dele falar o que havia descoberto, eu queria ter a  certeza de ver a justiça sendo feita diante meus olhos.


(Auggie) Ótimo, pode dirigir!


(Joan) Eu prefiro mesmo! Onde vamos?


(Auggie) Resolver tudo isso.


Dirigimos até o entregador de biscoitos que havia dado depoimento para a policia no dia anterior. E fomos direto ao assunto, indagando se ele havia visto uma BMW cinza estacionada nas redondezas no dia do crime. E ele confirmou no mesmo instante o fato. Era mais um ponto para as hipóteses de Auggie. Mais um ponto em direção a justiça. Levamos os fatos para Arthur, que disse que não poderia acusar imediatamente Lena, mas poderia retardar a expulsão de Annie. Ainda na sala de Arthur, recebemos uma ligação do hospital contando que Annie Walker havia acordado do coma. Não consegui conter meu sorriso com a noticia, estava por dentro aliviada com aquela notícia. Auggie e eu corremos para o hospital, porém, chegando no quarto, a surpresa, Lena tentava asfixiar Annie com algumas gazes. Antes de relatar a Auggie o que acontecia, sem nem pensar, parti parecia de Lena, puxando-a de Annie.


(Joan) LENA! - Mas ela foi mais rápida, e com alguns golpes certeiros, conseguiu me impedir de ajudar Annie. A vi impedir também Auggie, mas ela sabia que não teria escapatória, e por isso, deixou o hospital, o mais rápido que pode. Enfurecida, eu seria capaz de matar eu mesma Lena naquele instante, tentei correr atrás dela, sacando a arma de dentro do blazer, pronta para o que tivesse que vir. A segui, e cheguei até a tê-la em minha vista, porém o alarme de incêndio realmente havia atrapalhado as coisas e enchido os corredores. Segui a multidão, em busca de Lena ainda, quando saímos do prédio do hospital, tudo que eu conseguia ver eram médicos em seus jalecos brancos, mas entre um deles, a identifiquei. Ela me viu também, nossos olhos se encontraram e imediatamente sai correndo em sua direção, tinha alguns metros pela frente. Mas ao chegar na rua paralela ao do hospital, não havia sinal de Lena Smith.


Peguei o celular ainda com as mãos tremulas, meus olhos estavam embargados com lágrimas e com certeza não era por causa dos vários ferimentos que eu sentia em meu rosto. Um nó em minha garganta, por não saber como Annie estava, se havíamos conseguido salvá-la, e outro não ter se quer conseguido pegar Lena. Digitei os números no celular.


(Joan) Aqui é Joan Campbell, quero todas as saídas de Washington DC fechadas. Estações de trens, rodoviárias, aeroportos. Quero todos fechados.





 5. Pássaro Negro





Annie’s POV:



“Conhecer uma pessoa por muito tempo, não quer dizer que é de confiança”.


Em Moscou, em nome da vingança, com ajuda de Auggie acabei encontrando Lena Smith. Nosso encontro não foi nada amistoso, ela estava armada, e após falar um bando de besteiras a respeito da CIA, do nosso sistema, acabou que eu puxei o gatilho antes dela, matando-a.


Sair da Rússia seria mais complexo ainda, e acabei sendo presa pelo exército local. Torturas: privação de sentidos, psicológica, porque eu acabo sendo bem forte para dores, porém, não posso ver pessoas que eu amo sofrendo, sendo maltratados, e foi isso que meu torturador fez, colocando em cheque a segurança da minha cunhada, irmã de Simon.


Aos olhos das pessoas na CIA, eu acabei me tornando um mito. Mas, não foi fácil voltar para casa, precisei da ajuda de Eyal, que associado com Auggie, ele invadiu a prisão, me libertando. Ao voltar para D.C. me levaram para uma fazenda, onde eu teria que passar por polígrafos, várias interrogativas, quase que punindo.


(Agente) Você não conseguiu separar a vida pessoal da profissional.


(Annie) A CIA já me perguntou isso antes, tanto antes quanto agora parece uma acusação. A verdade é que a CIA precisa que eu misture as duas coisas, e eu sou muito boa em fazer isso.


Não sei o que aconteceu, o que eu disse, mas me liberaram para ir até CIA. De volta, fui correndo atrás de Joan, mas, nossa amizade, se é que existia uma, estava bem abalada.



Joa’ns POV:





“ Quer dizer, as pessoas que você pode confiar estão aqui Annie.”


Quando Annie pisou novamente na CIA, depois de todo o acidente, eu não esperava que as coisas fossem como antes. Muita coisa havia mudado, em especial para ela, tudo que havia passado, as marcas que agora teria em consequência de seu enfrentamento com Lena não eram só físicas, mas também estariam marcadas em suas lembranças sempre. Este é o grande problema de traumas, muitas vezes se cura as feridas na pele naturalmente, com a cicatrização, ou então com processos plástico-cirúrgicos, mas eu poderia garantir que internamente, as feridas nunca cicatrizariam.


Este foi exatamente um dos motivos que fui a favor e fiz questão de assegurar e permitir que Annie agora tivesse permissão para andar armada. Eu não a culparia por ter receios de pisar dentro de sua varanda toda vez que estivesse chegando em casa.


Annie foi devidamente reconhecida, se tornou admirada por todos e todas da empresa, e eu não desmereceria seus louros, de forma alguma. Foi uma verdadeira lutadora, enfrentou Lena, e muito mais que isso, enfrentou a morte. E ganhou. Eu esperava que ela tirasse alguns dias, semanas, meses....algumas férias de verdade para se recuperar, porém, no lugar disso, pouco depois de sua alta, Annie surgiu na agência exigindo ver eu e Arthur. Mostrou que tinha um plano de ação e mais que isso, que havia invadido o apartamento de Lena Smith. Ela queria ir para Moscou, enfrentar agentes russos que eu conhecia muito bem e tinha fortes razões para impedir e ser contra a ida de Annie. A agência estava cuidando disso, não era hora de Annie querer segurar as pontas.


Porém, assim como, no passado, eu aprendi que não deveria subestimar as habilidades de Annie, eu também não deveria subestimar sua teimosia. Fui até sua casa, precisava vê-la.


(Joan) Eu estava pensando na conversa que tivemos mais cedo, e  eu me dei conta de que você não estava pedindo permissão para ir para a Rússia. Você estava nos dizendo que está indo para a Rússia.


(Annie) É, eu acho que eu estava.


Suspirei, caminhando em sua direção.


(Joan) Eu sei como é díficil perder alguém. - A encarei nos olhos, falando com toda sinceridade que havia em mim. - Mas é perigoso usar isso como motivação. - Continuamos nos olhando, nossos olhos não se desviaram por se quer um instante.


(Annie) Joan...eu preciso ir!


Respirei fundo, voltando a falar.


(Joan) Então eu irei apoiá-la. - Annie me encarou, extremamente surpresa. Me aproximei de Annie que havia sentado no braço de uma poltrona.  - Mas quando chegar na Rússia, aborde Larionov com cuidado! Veja se ele tem alguma pista de Lena...E se você localizá-la, tire uma foto dela. Só isso. Nada mais. É tudo que o governo precisa para negociar a extradição dela...- Abri minha bolsa, vasculhando pela câmera fotográfica. - Você irá tirar a foto, e voltar para casa. - Ordenei, encarando-a nos olhos, enquanto Annie pegava a câmera de minha mão.


(Annie) Eu entendi. - Ela garantiu.


(Joan) Você precisa deixar suas emoções de lado. - A alertei. - Se tentar se vingar, você estará sem apoio. Se fizer outra coisa além de ir falar com o Larionov, você vai estar correndo risco. Se for pega pelas autoridades russas, a CIA não irá poder te ajudar. - Annie se mantinha atenta, enquanto eu continuava a dizer tudo que eu precisa. - A CIA irá negar ter conhecimento de tudo isso. Ela concordou com a cabeça, e passou por mim, colocando a câmera junto com o resto de suas coisas. Respirei fundo, tornando a falar. - Mais uma coisa...- Me virei para poder encará-la, mas Annie ainda continuava de costas para mim.  - Lena conhece você. Ela sabe como age, e ela estará esperando que você vá para lá. - Neste instante Annie me encarou. - E ela espera que seu sentimento por Simon interfira em suas decisões. - Permanecemos em silêncio por mais alguns segundos. -...Eles irão interferir? - Indaguei diretamente.


(Annie) Não. - Ela me respondeu certa daquilo.


(Joan) Mantenha-se concentrada, fique na sua...e..- Fiz uma pausa. Minha voz que até então estava passando ordens, abaixou levemente. Suspirei. -...e..tome cuidado. - Continuamos a nos encarar, e embora minha intenção fosse de deixá-la agora, acabei dando um passo a frente, quebrando aquele vão que sempre existira entre nós e a abracei com um dos meus braços, e depois com o outro também, mantendo-a ali e querendo dizer para que ela não fosse, que deixasse a CIA cuidar. Mas eu a conhecia, sabia que de nada adiantaria dizer isso. Pela primeira vez senti seu corpo tão próximo ao meu ao se esbarrarem levemente naquele abraço forte. Quis continuar ali por mais tempo, mas no lugar, apenas desejei que ela tivesse juízo e deixei sua casa.



Passando por cima de todas as estritas ordens que eu havia dado, Annie enfrentou Lena, não só isso, a matou e foi presa na tentativa de escapar. A CIA não podia fazer muito por ela, mas mais uma vez Annie conseguiu escapar, com a Ajuda de Auggie e um espião da Mossad, ela voltou para a América, e se antes Annie já era admirada, agora era ainda mais. Porém, eu confesso que estava bastante impaciente com ela. Havia dado confiança a Annie, quase implorado para que ela não fizesse justiça com as próprias mãos, e lá estava ela, passando por cima de tudo novamente.


(Joan) Annie, posso falar um instante com você? - A chamei em minha sala. Seguimos em silêncio até lá. - Vamos confirmar se era o corpo de Al Masri. O Khalid está foragido, mas estamos procurando.


(Annie) Sobre hoje...


A interrompi.


(Joan) O que está feito, está feito. - Annie sorriu de canto com o que eu disse, e eu continuei observando-a. - Como você está?!


(Annie) Um pouco dolorida...mas estou bem!


(Joan) Não foi isso que eu quis dizer. - Continuei observando-a.


(Annie) Vou me apresentar à Bluebonnet amanhã. - Conforme ela foi falando, fui me levantando e andando em sua direção.


(Joan) Isso talvez não seja mais uma opção.


(Annie) Como assim?


(Joan) Falhamos em um ataque hoje por conta das informações que você trouxe. O que você acha que isso significa? - Demonstrei pela primeira vez que não estava tudo bem, eu estava tremendamente irritada.


(Annie) Não foi uma falha. Nós pegamos Al Masri. - Annie me enfrentou com o mesmo tom de voz.


(Joan) Houveram muitos danos, Annie. O departamento do Estado está furioso, os sauditas também...Khalid vai sumir...


(Annie) E você vai me culpar por tudo isso... - Annie indagou, como se fosse um absurdo.


(Joan) Você se colocou em uma situação difícil. - Deixei claro.


(Annie) Arthur validou a decisão.


(Joan) Eu estou falando sobre Eyal. - Respirei fundo, pensar neste nome já me deixava ainda mais nervosa.




(Annie) Eyal? - Ela pareceu não entender. - Eyal arriscou a vida para me salvar. Eu posso contar com ele em momentos de crises.


Enfoli tudo aquilo a seco.


(Joan) Annie, você terá sempre o nosso apoio...- Tentei fazê-la enxergar.



(Annie) Quando meu amigo morreu na explosão, você me deixou ser transferida! - Annie jogou aquilo que eu tanto me culpava na minha cara. Cerrei meu punho, tentando me manter calma. - Quando me jogaram em uma prisão na Rússia, você me deixou apodrecer sem esperança. Eyal foi me salvar! - Annie repetiu aquele nome mais uma vez. - E agora...questiona a minha integridade por conta da minha relação com ele? - Percebi que Annie estava tão irritada quanto eu. Bastara Simon, Annie não precisava se apaixonar novamente, e no fundo, era isso que eu temia. - Um relacionamento que você me encorajou a explorar enquanto era conveniente para a agência! - Ela trouxe o passado à tona. Mas infelizmente isso era a CIA, baseada em conveniências.


Eu não aguentaria escutar mais daquilo. Podia sentir a raiva misturada a outras sensações, todas emboladas em minha garganta.



(Joan) Sabe de uma coisa? - Fiz silêncio, nossos olhos se mantiveram frente a frente. - Eu cansei. - Virei as costas, indo em direção a minha mesa. - Eu cansei. Nossa relação está claramente mais desgastada do que eu pensava que estaria.


Annie voltou a me encarar, ainda parada onde há pouco estávamos.


(Annie) Eu não quis dizer “você...


Não a deixei terminar.


(Joan) Eu acho que você quis dizer exatamente o que você disse, Annie. Talvez o seu setor seja em outro lugar neste prédio. Há alguns meses você pediu transferência da divisão, talvez seja hora de revermos isso.


Parecia estar sendo tão difícil para ela encarar, como era para mim estar falando aquelas coisas.


(Annie) Eu sinto muito que...


Mas uma vez a interrompi.



(Joan)  Sinto muito não chega nem perto de descrever como eu estou me sentindo. - Confessei, por dentro me sentia desmoronar, embora tentasse me manter firme por fora. - Boa noite, Annie. 



2 comentários:

  1. OMG, completamente amei este diário de espião!!! AMEI! Super bem contado, apanhado perfeito do percurso de Annie na Agência, mas vc ao fazer com que tb acompanhássemos o ponto de vista de Joan só ajudou a incrementar esta fic que ficou super mega emoção à flor da pele. A essência da relação das duas foi muito bem captada por suas palavras que me fizeram visualizar cenas que nem eu mesma cheguei a ver (acredita?) e torcer pra que elas as duas voltassem às boas. Dá pra ver o quanto elas no meio desse sigilo e conveniências todas que a CIA exige, elas se importam uma com a outra.

    Arrepiei e adorei.com! perfeito. Muitos parabéns =D

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    1. E olha o adorei.com por aqui! EEEBAA.. Muito delicinha ler seus recados, cheio de carinho. Obrigada, ops, sem muito obrigada, então digo apenas, venha sempre, em nosso Baú.

      Bjs

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